Com total apoio e subsídio do Ponto de Cultura CEQUISABI, o Projeto Rockordel elaborado, gerido e executado por Wagner Benitez Nogueira, com a participação de outros membros do PONTO, tinha como público alvo a população de Serrana/SP, com o objetivo promover a reconstrução da identidade sociocultural da cidade.
Segundo
os dois últimos censos (link censo 2010), até 2010, 72 % da população do município de Serrana, era constituída de migrantes oriundos principalmente de Minas Gerais,
Piauí, Bahia e outro diversos estados
nortistas, nordestinos e do centro-oeste do país. Este povo humilde,
de pobre nível socioeconômico, mas rico culturalmente, veio para Serrana em
busca da oferta sazonal de empregos, oferecidos pela lavoura da
cana-de-açúcar.
Até
cerca de 1985, a cidade de Serrana tinha uma identidade
sociocultural, com um “sotaque” caipira próprio do local e uma
cultura tradicional sedimentada, construída lenta e regularmente ao
longo dos anos, pela sobreposição de camadas de influências
culturais que se entrelaçaram, com as miscigenações de imigrantes de origem italiana, portuguesa,
africana que também com o indígena, como em todo o país. Ocorriam, até então,
festivais de música, torneios esportivos, cursos de artesanato,
outros para capacitação de renda e eventos culturais diversos
promovidos por uma grande empresa sucro-alcooleira local. Por conta
da mão de obra necessária à lavoura da cana praticamente inexistir
na região, esta mesma grande empresa começou a procurá-la nas
distantes regiões citadas anteriormente. Houve uma desfiguração da
feição cultural do município, com a intensa migração recebida. O
poder público municipal e os agentes culturais atuantes, não
quiseram, puderam ou conseguiram promover a integração deste povo com a cultura local fazendo com que permanecessem até então, a margem, isolados do contexto sociocultural
que havia no município e persiste, fechado “como em um código”, uma barreira intransponível para os migrantes.
Os
eventos esportivos e culturais que haviam, deixaram de existir.
A ideia do Rockordel consistia em determinar um novo território
cultural, no meio do caminho, entrelaçando o que podia ser mais
representativo culturalmente para cada uma das partes, considerando as raízes étnicas
envolvidas. Um novo campo que pudesse ser frequentado pelas duas
vertentes em choque, onde este público ambíguo se identificasse com os signos
adotados. O Rock and Roll que é uma estampa viva, plástica, onde se
misturam várias das linguagens culturais próprias dos grandes centros urbanos,
foi misturado, na nova receita cultural, com elementos das artes digitais, da história em
quadrinhos, do desenho animado e outros de preferência dos públicos dos centros urbanos. A este caldeirão de linguagens culturais urbano foi adicionado o cordel, com seu retrato do árido, do rústico, da seca, da vida sofrida do povo nordestino, em sua argumentação em xilogravura, fundindo ainda à mistura os ritmos nordestinos e as saborosas métricas poéticas de improviso pulsante do coco de embolada e do repente.
Para
que a história criada com este projeto contasse uma verdade, o mito
poderoso de Lampião foi ressuscitado e reencarnado, ou melhor,
incorporado juntamente com outro ilustre num terceiro personagem, formando um ser híbrido, tendo como a outra parte metade o mito
universal do Rock and Roll, John Lennon. Assim nasceu Wirgulennon. Daí
começou uma saga contando a história de lampião no
inferno, quando lá se fundiu com John Lennon, figura que aborreceu deveras o demônio depois de ter por lá realizado o primeiro festival
Rockordel, fazendo-o, num momento de insana irá, expulsá-lo do recinto. Nem dos vivos nem dos mortos, uma indecisa e improvável nova realidade virtual se fez nascer para acomodar os fugitivos, uma ilha
fantasma flutuante, o “Serrado” (com “S”).
Profundamente arrependido e terrivelmente castigado por Deus por seu erro, saiu o próprio diabo em perseguição à Wirgulennon, ingressando naquele novo inóspito território do Serrado no intuito de repatriá-lo, só que, também vítima da maldição que acomete todos que fogem do inferno, o infeliz capeta foi fundido com um dos
personagens mais terríveis da história humana, dando origem ao
facínora Belzebu Hitler. Para não desdizer o dito popular "desgraça pouca é bobagem", a nova maldade neste ser personificado, trouxe diretamente do inferno consigo para o Serrado, toda a canalha de quem é cúmplice em toda sorte de perversão. Assim nasceu a politica partidária do Serrado, a mais corrupta, insana, autoritária, negacionista, genocida e também a mais burra e motivo de chacota, de todos os reinos do universo.
Esta
anárquica e irreverente história foi contada por uma trupe teatral todos os domingos, à partir de dezembro de 2011, em meio ao público que frequentava a única
feira livre que sempre aconteceu na cidade de Serrana. A trupe foi jocosamente batizada pelo povo frequentador da feira de “Os loucos da feira”. Não contente com as intervenções de rua, em novembro de 2012 o grupo realizou no mesmo local, ao ar livre, o
Festival Rockordel de música e teatro .


O
empreendimento foi produzido pelo Ponto de Cultura CEQUISABI,
patrocinado pelo Ministério da Cultura, dentro do programa Mais Cultura e apoiado pela Secretaria de
Estado da Cultura do Governo de São Paulo.
Foi
concebido como desdobramento das ações que o Ponto de Cultura
CEQUISABI já empreendia, com a intenção de manter e
ampliar a iniciativa,
objetivando também além de ampla integração social, artística
e em outros diversos níveis, formar
público e instrumentalizar artísticas para a criação de suas
obras.
Todas
as criações artísticas foram realizadas pelo diretor do Ponto de Cultura CEQUISABI, Wagner Benitez Nogueira, com colaborações o artista plástico Marcos Soares de Araujo, ator dos Loucos da Feira e com apoio do responsável técnico dos trabalhos e também ator da trupe, Paulo Cesar Valdevite Jr, todos participantes da produção dos eventos. Toda a realização foi alocada dentro de um site
especialmente criado para acomodar estas manifestações, que
persistiu no ar até um ano depois de encerrado o projeto. As
criações artísticas que alimentaram suas páginas podem ser apreciadas
no canal www.youtube.com/rockordel
e www.facebook.com/cequisabi
RESULTADOS
OBTIDOS - Informes para a Secr. de Estado da Cultura de São Paulo.
Objetivos:
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Fusão da ARTE DO CORDEL, com a cultura digital, outras transversalidades, artísticas e tecnológicas.
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Difundir, empoderando a expressão artística do cordel, utilizando a informática, vídeo e a internet.
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Abrir novos espaços de trabalho para os artistas. Oferecer motivação, argumentação ao artista.
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Formar público, principalmente jovem.
Descrição
do empreendimento:
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Foi elaborado o site ROCKORDEL mesclando a linguagens tecnológicas com a do cordel, num enredo com seus personagens tradicionais, cangaceiros, volantes, coronéis, bispos, padres, autoridades, deus e o diabo, entre outros heróis e vilões das histórias cordelistas.
O Web Site tinha na página inicial – “home” uma homenagem ao patrono do projeto, Patativa do Assaré, com um breve histórico, informes sobre suas obras e “links” com acesso a vídeos sobre sua vida e sua obra. Outros botões davam acesso a essência do projeto, a cordéis criados para relatar a história, os quadrinhos, temas diversos, “links” com vídeos, trabalhos de outros artistas, fotos e vídeos das intervenções teatrais realizadas, exposição de desenhos premiados, das peças teatrais e números musicais apresentados no Festival Rockordel que receberam premiação, além de um histórico do autor e setor para contatos do público.
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Houve ampla interação com o público, que influiu nos rumos dramáticos dos acontecimentos.
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O público batizou o grupo teatral de “Os Loucos da Feira”, nome que foi adotado e motivou as teatralizações feitas na rua, que ocorreram até o final de 2019, na única feira livre da cidade. O trabalho teatral conseguiu um engajamento político, social, econômico, ecológico, etc. com a realidade local, no tratamento artístico que foi dado em questões que eram vivenciadas pelas pessoas do município no seu dia a dia.
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O mote sempre foram intervenções provocativas dentro da proposta do “Teatro do Oprimido” de Augusto Boal, obtendo-se reações emocionais da plateia, positivas e negativas.
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O festival ROCKORDEL foi realizado ao ar livre, na rua da feira livre, dentro do estacionamento de um supermercado e contou com a participação de artistas locais e de outros municípios, que foram selecionados após analise de seus trabalhos, sendo escolhidos os que mais se adequaram à proposta do projeto, recebendo prêmios em dinheiro pela participação.
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As atividades realizadas na rua formaram um público que depois de findo o projeto, tinha se afeiçoado às intervenções teatrais, sempre exigindo o retorno das mesmas, o que motivou a retomadas das apresentações a partir de 2014, embora não com tanta regularidade devido a dificuldades de financiamento, já que sempre foram gratuitas, que persistiram até o ano de 2019.
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O trabalho foi dirigido principalmente à população migrante do município com a criação de personagens que representaram os diversos estados de onde eram oriundos procurando engajamento com este público, falando sua linguagem, utilizando a sátira e a paródia de programas dos meios de comunicação de massa, onde o “CEQUISABI” virou o CQS – imitando o CQC, programa de televisão de sucesso na época, além de retratar outros personagens caricatos da TV e do rádio, transpostos nas figuras da TV COVER, Rádio ITINERANTE Mandacaru, Jornal Underground o CANGACEIRO e outras alusões.
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Feita ampla divulgação através de convites em jornais, distribuição de jornal próprio na feira livre onde o projeto foi inteiramente realizado e através de convites feitos por e-mails, através do “mailling” comum dos Pontos de Cultura e através da Secretaria Municipal de Cultura de Ribeirão Preto. Foi realizada uma oficina com estudantes da EMEF Ma. Celina que criaram desenhos sobre a temática ROCKORDEL, com prêmios em dinheiro para os primeiros colocados. Os grupos de teatro e música que participaram eram de Serrana, Ribeirão Preto, Franca e Cravinhos, cidades vizinhas.
Endereços
de postagem da Internet:
Wagner Benitez Nogueira
MTB 0070585/SP
(16) 99136.9249 / 11 93211.1277
Serrana 13 de janeiro de 2020
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